segunda-feira, 11 de junho de 2012

Casa de mulheres, homens e livros

Na fachada, o slogan “Não pedimos ao povo que creia; pedimos ao povo que leia” sintetiza a missão da Biblioteca Campesina

Quem adentra hoje as dependências da Biblioteca Campesina, situada no centro de Santa Maria da Vitória, nem sequer pode imaginar que há 32 anos a instituição abria suas portas, ocupando um espaço minúsculo de dois metros quadrados, onde mal cabiam três caixas de maçã que serviam de estantes. A Ditadura Militar vigorava no Brasil, ainda que já insustentável, quando, em 15 de fevereiro de 1980, Joaquim Lisboa Neto, conhecido como Kynkas, e seus companheiros de jornal e movimento social escreviam uma página importante na história e na cultura não apenas de Samavi (abreviatura de Santa Maria da Vitória), como de todo o território da Bacia do Rio Corrente e até do Oeste Baiano.

Fachada da Casa de Cultura Antônio Lisboa de Morais - Biblioteca Campesina

O acervo, estimado em mais de 30 mil títulos – dentre livros, revistas e outras publicações – e em centenas de obras audiovisuais, põe à disposição da sociedade santa-mariense um repertório imensurável de conhecimento sobre as mais diversas áreas, de literatura infantil a periódicos estrangeiros, sobretudo sobre temas referentes à cultura e à história dos povos e movimentos sociais do Brasil e da América Latina. Nas paredes do espaço, pôsteres, quadros e fotografias registram, simultaneamente, a memória da região e do mundo.

Acervo de livros

Paredes também contam histórias

Inicialmente pensada para atender ao público do campo e das periferias de Samavi e região, a Biblioteca Campesina hoje é referência para estudantes, educadores e pesquisadores da cidade e do seu entorno. Parte integrante da Casa de Cultura Antônio Lisboa de Morais, fundada em março de 1982, e transformada em Ponto de Leitura, a Campesina detém obras raras da literatura regional, como, por exemplo, as primeiras edições de “Porto Calendário”, romance do santamariense Osório Alves de Castro, premiado em 1962 com o Prêmio Jabuti de Literatura.

Entre as obras raras, uma Bíblia de 1608

Para Kynkas, que, além de coordenador do espaço, também desempenha a função de coordenador municipal de Cultura, a apropriação da biblioteca pela comunidade ainda está aquém do desejado. Ele se ressente do fato de a internet ter, de certo modo, afastado os leitores dos acervos físicos. Sua dedicação ao acesso público e irrestrito ao conhecimento prova, no entanto, que livros e ideais jamais se tornam obsoletos.

Joaquim Lisboa Neto, o Kynkas, é coordenador da Casa de Cultura Antônio Lisboa de Morais e coordenador municipal de Cultura

5 comentários:

  1. Tenho orgulho de ser amigo de kinkas, de conhecer sua luta, suas andanças pelo Brasil e pelo mundo, algumas fizemos juntos, em busca de apoio(de todas as forma de apoio) para o jornal "O Posseiro", cine clube Jehová de Carvalho, a semana de artes, etc. Foram tantas atividades que fica impossível enumerá-las. Esse kinkas é um patrimônio de Santa Maria da Vitória, um intelectual brilhante, tem uma prosa boa, daquelas de varar a noite. Não dá prá não goatar dele.
    René

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  2. Patrimônio Santamariense. A luta para mante-la não é fácil, só mesmo quem está presente sabe da dificuldade que é. Santa Maria tem uma Casa de Cultura de fazer inveja a outras cidades de porte igual ou maior ao seu. Infelizmente os colaboradores são todos de outras cidades, e não são muitos, são bastante apenas para manter de pé um sonho realizado por um pequeno grupo de pessoas, que pode se dizer depois de 32 anos que Triunfou e Triunfa a cada dia. Sou Fruto dessa casa. E tenho muito orgulho de ser filho do Homem que conduz essa entidade com bastante dificuldade mas também com muito prazer por estar contribuindo com a cultura e a formação de pessoas de bem. Parabéns a Biblioteca Campesina e Parabéns ao meu pai!!

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  3. Amigos Conterrâneos de Santa Maria.
    Aos que continuam na nossa Terra e para agueles que como eu Fernando Borba, vivem longe, não veem Rio Corrente,não bebem mais da sua água, não sentem mais o seu cheiro, aos como eu só sentem enorme saudades.
    Assisti o nascimento de um sonho, sonhado por um homem, o meu carrissímo Amigo Kinkas Lisbôa, este vive a vida sonhando ,... e graças a sua inabalavél determinação REALIZANDO, melhor, continua sonhando, quase sempre sozinho.
    Existe uma pensamento que gosto muito de repetir para parceiros de trabalho " Nenhum de nós é tão bom, quanto todos nós juntos" e o que nosso Amigo Kinkas em verdade sempre empregou na Construção da nossa Casa de Cultura Antônio Lisbôa de Morais e a fez sacrificando qualquer ambição pessoal,e até da família, elegeu o Povo de Santa Maria e seus jovens filhos sua prioridade, ofertar saber, cultura juntou milhares de livros e os ofertou a todos,transformando a Casa de Cultura a Casa de todos.
    Temos o dever de ajudá-lo, a ajudar aos nossoa jovens conterâneos. Conclamo a todos, todos nós juntos a abraçar esta causa JUNTOS.
    fernando Borba
    borgaguimaraes@ig.com.br

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  5. Itaquaquecetuba, SP

    É com indescritível emoção que recebo do amigo Kinkas, importantes noticias sobre Sta. Ma.
    da Vitória e eventos realizados pela casa da Cultura Antônio Lisboa de Morais, que incansavelmente
    semeia uma consciência politica e cultural altamente desenvovida entre o seu povo.
    Vejo a integração FUNCEB INTINERANTE / CASA DA CULTURA '' ALM'' como uma janela aberta ao resgate de importantes eventos realizados pela Casa da Cultura 'ALM'' e ADERI.
    A exp. da Semana de Arte e Cultura que marcou a história e deixou muitas saudades. A Semana agitava a cidade e a população participava intensamente dos debates políticos , educacionais, da sua
    arte da sua história e da sua cultura.
    Vale apena sonhar que este resgate se torne uma realidade.

    Parabéns ao povo Santamariense, ao Funceb itinerante, a Casa da Cultura ''ALM''
    Um grande abraço ao amigo Kinkas.

    Jurimar

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